Começar

Entrelaçado e intrínseco em nossa sobrevivência, estamos interligados de formas intangíveis por nossa inteligência abundante e, mesmo assim, limitada. Seguimos sempre olhando para baixo de nós mesmos, somos soberanos! E assim deduzimos, que tudo nos serve. Donos do mundo e poderosos em nossas conquistas, ao horizonte caminhamos com nossa soberania assoberbada, nos cegando da realidade grandiosa além de nós mesmos.

Em nosso imaginário criamos um criador à nossa imagem e somente nos relacionamos ao que é parecido, oh humano tolo. Se há um Deus, ele é a Terra, nosso próprio planeta. Se há semelhança, é em tudo que partilha de nossas mesmas partículas. Tão vivos quanto cada elemento presente em nossa pequena existência. E a Terra segue tentando nos proteger de todas formas daquilo que ainda não compreendemos.

Nossa inteligência nos fez ignorantes. Ao não contemplarmos toda a expansividade de que é estar vivo e todas as coisas que estão a todo momento acontecendo para que essa vida seja preservada, perdemos a oportunidade de apreciar a real maravilha que o solo que pisamos representa, a preciosidade do ar que inconscientemente respiramos, as grandiosas árvores e pequenas plantas que estão à nossa volta e tudo que pode não parecer, mas está lutando para sobreviver como nós, de sua forma particular.

Estamos em constante busca para ter, e assim esquecemos de ser. Mas somos apenas pó, à mercê do que nos cerca, o universo que nos abriga, os pequenos sistemas de nosso corpo que nos fazem companhia. Somos um aglomerado de coisas que não conseguimos sequer enxergar, que perseveram para viver todo dia e manter nosso breve ciclo de vida um momento particularmente aconchegante.

E ao mesmo tempo somos maravilhosos. Em nossa pequena insignificância, somos juntos significantes o suficiente para fazermos dessa breve passagem pela Terra, um agradecimento por aquilo que nos oferece a oportunidade de estar vivo. Retribuir a essa vivência não com o amor sentimental do ser humano mas com o cultivo e preservação de todas as coisas vivas que nos rodeiam e contribuem para nossa existência.

Hoje eu me sinto mais do que vivo, me sinto parte da vida em sua total significância, mesmo que totalmente incompreendida por todos nós.