Começar

Sua mente divagava em um estirão de estrada que nunca trilhou na vida, possibilidades e situações das quais poderiam lhe ocorrer, verdades não contadas, realidades crueis que dizia para si mesmo. Uma grande insuficiência de ser o que julgava achar que deveria, não era suficiente, nunca será.

Sabotando-se seguia seu caminho, dúvidas e inseguranças constantes que o acompanhavam em sua vida toda, oh, um velho amigo. A introspecção era seu refúgio, sem o barulho de tudo que o rodeava ele poderia, enfim, se sentir em paz. Variáveis constantes que junto da felicidade, lhe trouxeram muito mais a pensar, muitos passos a considerar.

E quando tudo estava certo, tudo havia se assentado em uma constante da qual poderia lidar, tudo mudou. A incerteza se instaurou junto da insegurança e novamente se encontrava com medo de seguir em frente. Quando encontrou o companheirismo que tanto desejava, o passo necessário para se entregar parecia maior que sua perna, então continuou no mesmo lugar, com receio de cair no precipício de seus maiores receios.

Aos poucos, ao longo dos dias, tentava se reassegurar de que isso era seguro, de que poderia seguir em frente, o controle de si mesmo poderia tê-lo feito controlar sua própria emoção? Impedir a existência de que algo nasceria ali dentro de si? Ou realmente não sentia? Talvez tenha encontrado um pretexto para acreditar que não merecia tudo aquilo, mas o medo de viver algo que já estava vivendo não parecia conectado com a realidade.

Na complexidade de si mesmo e na incerteza da própria vida, se encontrava perdido, o ruído constante lhe confundia, enquanto o anseio pelo silêncio que o acolhia era tentador. Talvez devesse transformar esse som em uma melodia, trazer sentido para o que não fazia. Talvez devesse dar cor para os tons acinzentados, dando alegria para a monotonia que sua rotina tinha se tornado.

E no meio de tantas possibilidades, inseguranças e incertezas, gostaria que essas verdades que contava a si mesmo, se tornassem nada mais que poeira ao vento, esquecidas para sempre. Não havia mais motivo de continuar traindo a si mesmo, sem se deixar ser feliz, vivendo tudo aquilo que sonhou. Não poderia haver ritmo enquanto a culpa era presente, o som não fluiria harmoniosamente, sem sentido.

No entanto, sabia que a vida poderia lhe oferecer muito mais, muito mais. Decidiu se permitir viver no afago de uma companhia constante, sentir a melodia tocar, dançar juntos enquanto a brisa tocava suas peles, o aroma de seus corpos lhes envolviam em si mesmos até que nada mais existisse além deste momento. E juntos, desbravaram um ao lado do outro como poderiam ser seus melhores companheiros e as melhores versões de si mesmos, para assim trilhar a vida sabendo que não estavam sozinhos e na finitude do que é viver, estarão sempre aqui, se pertencendo.