1 Ato
Lauren Aquilina – King
Me sinto tão perdido em meus devaneios, eles se tornaram grandes desafios que eu não consigo superar.
Dizem que a idade trás experiência, ela me trouxe tanto o que pensar, que agora eu não consigo raciocinar com clareza, o caminho que tracei me deixou confuso e perdido dentro de mim mesmo.
É como se eu não me conhecesse, não, eu me conheço, eu me lembro do que fui, dos sorrisos que esbocei, mas não sei dizer onde essa pessoa foi parar, ela se perdeu em um labirinto de sofrimentos, me tranquei tanto dentro de mim mesmo que não consigo mais sair, me tornei refém dos demônios que criei em minha cabeça.
Eu vi uma luz, eu sorri novamente e me senti vivo novamente, mas ela desapareceu tão rapido quanto apareceu, era como caminhar em gelo quebradiço, me tornei frágil e para me sentir forte eu me rendi aos meus medos que me fazem companhia.
O Fauno guarda meu labirinto e segura meus punhos quando tento sair de seu reinado, meus demônios me acolheram como seu amigo, ali eu enxergo somente meu sofrimento interno, conheço cada um deles, nada mais pode me atingir.
Ouço uma voz, não entendo de onde ela vem, é um despertar com o calor brando de um amanhecer, eu choro de exasperação, pela esperança de aquilo me sugar para fora de minha eterna introspecção, parece forte demais para que eu consiga sozinho. Talvez isso consiga me ajudar.
Junto dessa voz vem uma batida, um coração, um sentimento, uma emoção.
Não é outra pessoa, sou eu mesmo.
Estou tão vivo, mas tão absorto, ouço vozes que me dizem o que fazer, eu não as sigo. Eu paro. Observo. Estou travado.
Ninguém pode me ajudar, ninguém pode me transformar se eu não me deixar.
Desejo tanto reinar meu ser, me tomar de prazer.
Desejo correr pro seu abraço, me sentir seguro, o que eu faço?
Como eu poderei correr sem medo, enquanto o Fauno me encara com seus grandes olhos que refletem o que um dia foi estar vulnerável?
Como esquecer?
Eu gostaria de esquecer...