Começar

“Houve um momento em minha vida onde eu julguei ter certeza de tudo, moldei reflexões à favor da realidade que estava ao meu redor, eu acreditei muito em algo até que ele se tornou verdade, pra mim.

Aceitei situações controversas das quais achei que poderia eventualmente receber de volta, ou talvez por medo de perder tudo aquilo que criei na minha cabeça, se torna muito dificil se libertar quando você se aprofunda demais em uma convicção.

Sinto como se nada pudesse apagar esse fato da minha mente, ficou marcado de uma forma profunda que transformou o que eu era, no que sou hoje.”

Eu me lembro de correr até você, debaixo de um céu negro e nuvens agitadas.
Uivos preenchiam o silêncio da noite, como se nada mais pudesse despertá-la.
Gritando de longe pelo seu nome, achei que nada fosse me parar.
Em um momento tudo se tornou gritos e desespero, como se a escuridão tivesse dilacerado a luz.

Eu me lembro de correr até você, em meio aos uivos raivosos que tomavam conta de seu ser.
Agarrar seu corpo e acalmar seu desespero, te levando para um mundo onde não houvesse tanta dor.
Quando notei era tarde demais, eu estava tomado pela sua imensidão.

Eu me lembro de correr de você, sabendo que não poderia me socorrer.
Enquanto eu estilhaçava sonhos cristalinos com minhas mãos.
Não soube me livrar dessa empatia nostálgica, que me tomava de cima abaixo.

Eu me lembro de sofrer, lágrimas escorrendo e a vida esvaindo de meu ser.
Em um momento tudo era gritaria e desespero, como se a realidade fosse despedaçada pelo desconhecido.
Eu corri até o mar, sozinho e cego pelo medo.

Eu me lembro de me afogar, enquanto o mundo rodopiava e ninguém poderia me ajudar.
Em meio ao desespero de tentar viver ou me deixar levar por essa confusão.
Consegui perceber que havia mais pelo que respirar.

Eu me lembro de iluminar a escuridão à minha volta, com uma luz que estava dormente em meu corpo.
Uivos se tornaram uma bela melodia, contando sobre um sorriso perdido no horizonte.
E um turbilhão de emoções cresceram dentro de mim, me tomando completamente.
Como se minha existência dependesse desse momento para entender o que é estar vivo.

Eu me lembro, eu nunca mais esqueci.
E agora eu sorrio, contando histórias que vivi.