Começar

Eu sentia você por perto, o calor brando de sua respiração tocava meu corpo, o palpitar de seu coração reverberava sobre mim. E ao som de uma melodia eu me sentia em transe.

Respirei fundo e abri meus olhos, você não estava ali. Mas mesmo assim eu te sentia.

Com os olhos novamente fechados eu voltei para a nossa surrealidade, a melodia tocava mais forte em sincronia com minha respiração, eu sentia meu corpo estremecer. Sua mão deslizava sobre meu corpo, e eu entregue pela sensação daquele momento, estava devoto aos seus caprichos.

Comecei a explorar o corpo que você reinava, seu cheiro me entorpecia e em meio aos meus devaneios, a melodia acelerava.

Não era qualquer melodia, ela falava sobre um ser cheio de emoções, tão cheio que não se prendia na atmosfera, ultrapassava os limites do universo.

E então eu me sentia mais leve por poder entregar toda essa emoção pra você, era sua para apreciar, ela existia somente por você permitir que eu pudesse cultivá-la.

Da forma mais inexplicável possível nós colidimos e no momento mais distante eu me senti presente. Aqui me encontro vivendo algo desconhecido mas totalmente possível diante desta grande impossibilidade.

Meu mundo é tão meu que eu fiz dele nosso, permitindo que você conheça os campos que resguardam meu mais ínfimo emocional.

Foi quando fechei meus olhos que te encontrei, dentro de mim, vivendo em uníssono com minha pequena particularidade, mais próximo do que eu poderia imaginar.

Minhas mãos encontraram as suas e em um momento que se estendeu por toda eternidade de minhas lembranças, estávamos conectados por aquilo que nos faz mais humanos, nossa mútua admiração.

E subitamente em inexplicável compreensão soube que viveríamos sãos a insanidade de nossas personalidades, reinando nossa surrealidade até que ela cesse de existir.