Começar

“Nory”

Eu ouvia meu nome ecoar no silêncio de meu ser entorpecido por um baque desconhecido. Entre a minha meio inconsciência eu me sentia despertar, sentia um calor que percorria do meu rosto preenchendo todo meu corpo.

Não reconhecia onde estava, sentia a grama úmida contra minhas costas. A eterna meia luz que pairava somente sobre da Divisa Arsen estava contra meus olhos, ofuscando minha visão e oferecendo um leve toque de calor contra meu corpo molhado. Eu enxergava uma árvore muito próxima de mim e conforme ficava mais nítida, percebi que ela tinha uma forma humana, nunca havia visto algo assim antes.

Eu estava em uma clareira, aos poucos me levantei e observei a forma em minha frente. Com belas folhas prateadas, eu sentia uma admiração curiosa ao apreciá-la. Acariciei seu rosto, mas ela continuava imóvel.

Tentei me lembrar do que havia acontecido, mas só me lembrava de um sussurro assustador repetir diversas vezes “Nory, essa vida não lhe pertence mais”.

No mesmo instante em que lembrei dessas palavras, ouvi o farfalhar das folhas e senti a presença de algo em meio às árvores. Não sabia se estava delirando, mas a preocupação começou a tomar conta de mim, então acariciei o rosto daquela árvore pela última vez, uma despedida.

Me levantei e comecei a caminhar para dentro da floresta. Minha roupa estava molhada e, longe do calor da luz, comecei a tremer com a brisa que passava por entre as árvores.

“Nory”

Novamente o sussurro, meu corpo estremeceu e um frio no estômago tomou conta de mim. Com a urgência de fugir da floresta eu comecei a correr, então percebi que meu corpo doía, ele tinha diversos cortes, mas que não me impediram de disparar para longe por conta de meu desespero.

Ao longo do caminho notei que diversas árvores estavam caídas no chão, parecia que um furacão havia passado por ali.

No horizonte comecei a avistar a saída da floresta, ofegante comecei a correr mais rápido até que eu já estava chegando na saída. Repentinamente algo me segurou pelo braço, com o puxão meu corpo se virou para trás com toda força, o que me parou naquele instante foi uma mão segurando minha testa.

De repente eu estava em outro lugar, não sei como havia aparecido ali, o céu se fechava com a promessa de uma tempestade. Olhei para trás e estava me observando no horizonte de pé e com o olhar assustado, sangue escorria por todo meu corpo. Os acontecimentos passavam muito rápido através de meus olhos. Havia uma pessoa em minha frente, ela conversava comigo, a chuva começava a cair sobre nós e de repente com o braço e a palma da mão aberta em minha direção. Meu corpo que eu avistava começou a flutuar e a gritar de desespero, exaltando toda a dor que estava sentindo. Então um raio caiu entre nós, vi meu corpo inanimado ser jogado contra uma árvore, caindo violentamente contra o chão, o estranho ser em minha frente me observou por um instante, então se virou e seguiu seu caminho.

Abruptamente voltei para onde uma silhueta branca e luminosa de um humano me segurava, ele sussurrou com tom de urgência “Agora você se lembra da verdade, suma daqui!” e desapareceu no ar como fumaça deixando um grito que ecoou por longos segundos. Precisei colocar as mãos nos ouvidos para abafar o som estridente.

Enquanto obedecia à ordem que me foi dada, pois nada mais me restava fazer, eu corria sem destino.

Mas nesse momento eu tinha somente uma certeza, naquele dia eu havia morrido.

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